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Foto do escritorFernanda Gomes

Mais um dia nublado...


Cão perdido na rua. Provavelmente abandonado pelo antigo dono. O telefone tocou e fomos ao seu encontro. Cuidamos, medicamos, higienizamos e alimentamos. Foi batizado de Bethoven. Lindo. Vivo. Alegre. Tentamos sua adoção. Algumas tentativas em vão. Uma esperança surgiu: uma família o acolheu. O sol brilhou no seu coraçãozinho. Bethoven agora tinha um lar, uma família, crianças e outros cães. Foi bem recebido e ovacionado. Os dias foram passando... Rotina construída. A sua vida foi se moldando na nova casa e sua adaptação sendo feita. Ficamos com saudades do nosso príncipe. Fizemos visita de rotina. Ele estava bem. A nossa confiança se tecia naquela luz que ainda brilhava em seu olhar. Meses se passaram. O sol que havia em seu coração começou a receber possíveis nuvens. Seu estado de saúde não estava bem. Algum problema? Nenhum. Seria levado ao veterinário, tratado pela nova família e restabelecido. Algum resultado? Nenhum. Foi negligenciado. As nuvens tampavam cada dia mais o brilho dos seus raios de sol. Veio a fome, as dores, as feridas. Bethoven foi se definhando aos poucos. Com os dias, desenvolveu um quadro de desnutrição e desidratação. As perninhas bambas se puseram a deitar e os pequenos raiozinhos de sol se limitaram. Aonde foi o aconchego do lar? Onde estava a FAMÍLIA? Onde estava o tratamento que lhe daria a dignidade? Onde estava o responsável? Mil perguntas. Sem respostas. Nosso herói não desfaleceu na sua nova casa. Foi colocado em uma caixa, levado para longe e abandonado em uma rua qualquer. VIVO. AGONIZANDO. SOZINHO. Quando o encontramos, já chovia em seu coração. Estava tudo nublado. Ele não mais se levantava. Apenas os olhos mexiam implorando salvação. A pele apresentava feridas, e o pelo ralo demonstrava a seca. A chuva que escorria transformou-se em lágrimas nos nossos olhos. Fomos até a sua “família” buscar satisfação. “- Ele morreu.”, disseram. Vim a entender depois que realmente havia morrido. Não o nosso Bethoven. Mas sim a sua dignidade. Morreu o amor, a lealdade, a caridade. Morreu a humanidade. Morreu a imagem que esperançamos naquela família. Tendo essa resposta, fomos lutar pelo nosso guerreiro. Bethoven ficou internado por dois dias e recebendo todos os cuidados emergenciais. Ao término do segundo dia, o sol se escondeu e as nuvens opacas acinzentaram seu coraçãozinho. Bethoven partiu, mas os seus raios nos acaloraram. Logo que fechou os seus olhos, nós abrimos os nossos e a luta mudou. Não tem como mais lutar pela sua salvação, mas estamos lutando agora pela punição daquele que lhe apagou o sol. As providências estão sendo tomadas e, na certeza da punibilidade, estarei novamente aqui, escrevendo para vocês e mostrando a justiça sendo feita. Para que sirva de exemplo para muitas famílias que não podem receber o título de “família”. Para que as pessoas saibam que existe a lei do retorno. Pedimos que se lembrem sempre do Bethoven com aquela luz em seu olhar, com os raios de sol iluminando o seu redor e emanem à sua memória energia positiva. A justiça será feita, Bethoven!


Por Fernanda Gomes.

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