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Foto do escritorFernanda Gomes

A Voz dos Animais


A VOZ DOS ANIMAIS


Durante o ensino fundamental, aprendi uma palavra interessante: ONOMATOPEIA, agora sem acento. (rs) Esta palavra tinha uma ligação muito curiosa comigo: ela mostrava como era a voz dos animais. Cada animal tem a sua voz, a sua particularidade. Na época em que caiu o seu acento, eu já havia passado do fundamental, do médio e do superior. E aquela palavra trazia para mim uma doce lembrança: em um dicionário antigo, empoeirado, ela estava ali na última capa, em uma seção chamada PALAVRAS ONOMATOPAICAS, onde tínhamos acesso a uma lista inteirinha de todas as vozes dos animais, até aqueles inimagináveis. O cheiro de folha velha e aquilo tudo que estava ali me mostrava que cada animal era único e, ao mesmo tempo, tinha uma coisa em comum: todos tinham vozes.


Em fase adulta, aquele conceito ampliou-se na minha mente. Conheci uma pessoa que me ensinou muito mais do que aquela página do dicionário. Ela me ensinou como realmente eram as “vozes dos animais”. Ela me preparou para ser uma protetora animal alegando algo que ficará eterno: VOCÊ É A VOZ DOS ANIMAIS. Esses dizeres não me saíram da cabeça. Com eles, eu aprendi a linguagem dos animais com os seres humanos. Entendi que eles olham para os seres humanos e os seus olhos dizem: “Estou com frio”. “Estou com fome”. “Estou com medo”. “Aquela pessoa me machucou”. E diziam muito, muito mais que aquela lista do dicionário. Só então me vi na obrigação de ser a porta-voz deles. Foi essa nova linguagem que me deu o incentivo de lutar, de abrigar, de reclamar por eles, de pedir por eles. Ser a porta-voz deles é algo que não tem como ignorar mais.


Atualmente, em fase já “pós-estágio”, sei que onomatopeia escreve sem acento e sem escolha. Quando se ouve um pedido, não se pode fechar os ouvidos. Esse pedido vem dos olhos, do fundo da alma. Quando não podemos atender, temos que pegar as palavras e leva-las até outra pessoa para encontrar quem possa. A maioria não compreende que a voz veio deles, não de nós. Mas a minoria que ajuda... Ah! Essa eu sei que já olhou nos olhos e sentiu essa linguagem!


A voz dos animais é muito humilde. Eles pedem, mas pedem só uma vez. Não insistem para não nos incomodar. Parece que compreendem nossas limitações. E, quando são ouvidos, são tão agradecidos de forma que nenhum adulto conseguiria ser. Sei que os linguistas passam anos estudando sobre a linguagem. Bem como sei que a nossa língua é uma das mais complicadas de todas. Mas o mistério das vozes que eles possuem não será nunca estudado, senão sentido. A pessoa que me ensinou a ouvir essa voz fora do dicionário foi brilhante, porque até então a minha faculdade não ensinou. Por isso agradeço a ela passando para as outras pessoas um dos seus ensinamentos e fazendo-os ver o caminho mais curto para defendermos e lutarmos pelos animais. Parabéns, Marcinha, não só pelo seu grande dia, mas também por ser grande com esses ensinamentos. Sou muito orgulhosa de você. Aquele grande beijo, você já sabe de quem é!

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